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Um Charco na Planície

Cenas e coisas de um alentejano...

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25
Abr24

O meio século de Liberdade

PJ Cortes

Parece que a Liberdade portuguesa, nos vários contextos em que existe, comemora hoje 50 anos.

Foi há 50 anos que o Povo português viu iniciar-se um período em que, nesse arranque, a mente do povo transbordava de sonhos, de se passar a viver num Portugal melhor, um Portugal onde, finalmente, passaria a imperar a vontade do Povo (ainda que representado por aqueles que seriam por si escolhidos).

Mas... ao fim de 50 anos, onde nos encontramos? Estaremos nós onde sonhavamos que estariamos há 50 anos? Ou viveremos nós apenas uma ilusão?

É verdade que a Liberdade que hoje comemora me permite escrever o que escrevo. Mas será que vivemos um tempo em que para além da liberdade de escrever, serei livre para escrever o que quero?

A minha opinião é que não... e digo isto não como crítica ao 25 de Abril e ao caminho que abriu para Portugal (que culminou noutro dia 25). Digo isto apenas para que se faça um reflexão em relação ao caminho que percorremos nestes 50 anos.

O caminho que se tomou, em determinado momento, desviou-se, na minha opinião, do caminho da Liberdade, seguindo um caminho misto entre libertinagem e censura camuflada, um caminho em que é moralmente lícito a uns fazerem ou dizerem tudo e mais alguma coisa, enquanto que a outros não é dada nem reconhecida a mesma oportunidade.

Li algures, numa mensagem cómica que me enviaram, que nos primórdios do caminho da Liberdade, se duas pessoas conversassem sobre a fruta que mais gostavam, se uma dissesse que gostava de pêra e a outra de maçã, tudo acabava bem e ambas as opiniões eram aceites. Existia assertividade.

A mesma discussão, nos dias de hoje, leva a quem o apreciador de pêra possa vir a acusar o apreciador de maçã de "perofóbico", recusando-se a liberdade a este de gostar apenas de maçã, forçando-o a gostar de pêra.

E uso este exemplo a tocar o ridículo por isso mesmo: porque por motivos ridículos se retira (ou tentam retirar) a Liberdade a uns, quando aquilo que dizem ou pensam, no exercício do seu direito à Liberdade, não conflui naquilo que os "castradores do pensamento" acham correcto.

E isto é mau... porque é isto que leva ao despertar de extremismos, à bipolarização de pensamento. E desengane-se aquele que pensa que há extremismos de bem e outros que não o são. Isso é coisa que não existe. A História ensinou-nos isso ao longo dos tempos, tendo inclusivamente existido exemplos bem recentes no séc. XX.

Que os 50 anos do renascimento da Liberdade em Portugal seja uma data que nos leve a reflectir se o caminho que se tomou é aquele com que se sonhou ou se nos desviámos. E se este for o caso, que tenhamos o discernimento suficiente para reconhecer a má escolha e a coragem para dar um passo atrás, de forma a seguir o bom caminho.

Um bom 25 de Abril a todos...

 

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