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Um Charco na Planície

Cenas e coisas de um alentejano...

Um Charco na Planície

Cenas e coisas de um alentejano...

16
Abr24

Análise sob o "olhar cultural" tipicamente português...

PJ Cortes

Para o português típico, o assunto do dia pouco foge do contexto futebol.

Podem existir crises nacionais e internacionais, mas o que importa é o lugar em que vai o Benfica ou as prestações da Selecção Nacional.

Não será de estranhar, portanto, que quando se houve falar nos órgãos de comunicação social de que há uma Crise do Médio Oriente, existirão portugueses a perguntar em que equipa jogará esse Oriente a médio...

15
Abr24

Os deuses conspiram contra mim...

PJ Cortes

Já aqui fiz uma publicação em que falo, ainda que de forma muito breve, de um passatempo que gosto muito (a par da fotografia): correr!

E também falei das excelentes supresas com que me confronto em algumas corridas que faço (a publicação em questão é esta).

Correr é algo que me faz bem e me faz sentir bem (parece redundante, mas não é a mesma coisa).

Porém, os deuses invejam os mortais. Como têm tudo de mão beijada e desconhecem o amor ou a alegria de uma conquista, entre muitas outras sensações humanas, eles de facto invejam-nos. Invejam a forma como sentimos e essas sensações lhes estarem vedadas...

Vai daí, os invejosos lembraram-se de me brindar com uma novidade: no último treino, enquanto estava e descida, lançaram-me uma dor no joelho direito (sim, é verdade: eles lançam dores como dardos), que quase me fez cair... foi como se a corrente electrica se tivesse desligado na perna.

Ali fiquei a fazer figuras, agarrado ao joelho para, passado 5 minutos, parecer que nada tinha acontecido. Pensei para com os meus calções: ah, isto deve ter sido jeito que dei... e ele aí se lança de novo no caminho... mas os deuses, os deuses invejosos de um raio, não se tinham afastado.

"Ai não percebeste a indirecta, oh Jovem? Aqui o corredor por excelência é o Mercúrio, ou o Hermes ou lá como ele se chama... tu, tu não corres, andas!!!" - e pimba, outra carga de dor lançada de novo para o mesmo joelho!!! E mais 5 minutos de figuras tristes... e a andar para casa em modo "pneu furado", que é como quem diz, a andar com estilo (muitos jovens de hoje andam como se estivessem coxos e dizem que é estilo, portanto fui em estilo também para casa).

Pausa forçada e aguardam-se novidades...

13
Abr24

O devido tratamento para quem tem a mania de ser abelhudo...

PJ Cortes

Era uma vez um gajo que um dia (hoje, 13/04/2024) se lembrou de ir passear com o seu filhote para o campo, concretamente para o Parque Biológico perto de casa, aproveitando esse excelente dia de Primavera.

Pelo caminho, já no interior do Parque Biológico, o gajo reparou que estavam instaladas várias colmeias. Teve um rasgo de inteligência e lembrou-se de querer dar uma palestra sobre a importância das abelhas no mundo. Dirigiu-se ao seu filho e disse-lhe: "anda, vamos ver um pouco da azáfama diária de uma colmeia e eu vou explicar-te porque são importantes estes insectos".

Armados em abelhudos, ambos aproximaram-se das "vivendas e moradias" apiárias e, eis senão quando, o gajo vê uma abelha no braço a olhar para ele: "ouve lá, o que andas aqui tu a fazer armado em abelhudo? Olha que aqui a abelha sou eu... abelhudos, fora". E com isto, deu-lhe uma "dose injectável de amor" de abelha.

O gajo, grande defensor das abelhas ainda assim, olhou para ela e ficou um pouco triste, pois sabia que a coragem das abelhas tem um preço alto. Manteve o sangue frio necessário para evitar dar-lhe um célebre "estalo à la mosquite" (aquela bofetada típica com que mandamos alguns desses malandros para a outra vida) e reparou que a abelhita lutava para se libertar... ou melhor, para libertar o ferrão, embora sem sucesso.

O gajo mandou o filho afastar-se rapidamente do local, uma vez que sabia que as abelhas, quando dão um pouco do seu amor, gostam de chamar outras para ajudarem nessa partilha. Mas, uma vez que não libertava o ferrão, nada disso aconteceu... e enquanto isso, também o gajo já se tinha afastado das colmeias (não fosse outras abelhitas ter a mesma ideia).

O gajo chamou então o filho, que estava um pouco com receio, para ver a abelha enquanto lutava para se libertar. O que finalmente aconteceu... e se não perdeu o ferrão, certamente nada de mal lhe terá acontecido.

O gajo e o seu filho afastaram-se então, explicando o gajo ao filho a importância das abelhas no mundo, tendo sido esse o motivo pelo qual evitou dar-lhe o "estalo".

Mas também lhe explicou que não deve ser abelhudo, especialmente perto de abelhas: é que apesar de só "transmitirem amor" quando desafiadas, elas não acham muita graça à concorrência - os abelhudos... porque abelhas são elas!!!

12
Abr24

Desfechos desnecessários... mas simultaneamente felizes!!!

PJ Cortes

A ideia da presente partilha teve origem numa resposta dada ontem pelo autor "Cheia" a uma publicação minha, em que era referido, de forma breve, um episódio da vivência militar do comentador, e em que eu respondi que um dia partilharia um episódio do tipo.

E como eu quando prometo cumpro, para evitar esquecimentos, cá vai:

Algures nos finais dos anos 90 do século e milénio passado, eu era o comandante de pelotão e instrutor de um curso de formação de cabos pára-quedistas. Na semana final do curso, foi tempo de pôr em prática tudo aquilo que havia sido aprendido nas semanas anteriores, sendo assim aquela semana a de exercícios. O curso foi dividido em 4 equipas, se não estou em erro, sendo que cada equipa seria acompanhada por um dos instrutores do curso.

O exercício final começou com um lançamento de pára-quedas, desenvolvendo-se as actividades a partir da zona de aterragem.

Como era o mais antigo, a minha equipa foi a primeira a saltar, comigo na linha da frente. Ia equipado com mochila e armamento, do qual fazia parte uma pistola Walther P38.

Já não me lembro se por esquecimento ou se por achar que iria correr tudo bem, certo é que não coloquei o fiador na pistola (o fiador corresponde a uma peça que se prende ao punho da pistola e que está preso a nós para evitar perder a pistola caso salte do coldre). Eu estava muito concentrado no salto pois iria ser feito, não pelas habituais portas laterais, mas pela rampa, proporcionando uma visão completamente diferente daquilo a que normalmente estavamos habituados.

Chegado o momento, e sem hesitar, saltei da aeronave e lá vim eu a rasgar os céus lusitanos.

Convém aqui referir duas coisas:

  1. Perto do local onde era a zona de aterragem, haviam terrenos agrícolas e animais;
  2. Os pára-quedas usados no salto não permitiam um controlo absoluto do destino do pára-quedista, apenas permitindo uns muito ligeiros ajustes na trajectória.

Quando me comecei a aproximar do chão, comecei a analisar visualmente o terreno onde iria aterrar para poder efectuar os respectivos procedimentos correctos de aterragem. Ao olhar para o chão consegui perceber que existiam uns estranhos montículos espalhados por toda aquela zona, mas a partir da altitude a que me encontrava, eu não conseguia perceber qual a sua natureza. Aliás, só a consegui perceber quando, por muito que tivesse tentando, aterrei mesmo colado a um.

E do que eram feitos os montículos? - perguntam vocês.

Pois bem, era dejectos de vaca... aos montes!!! Felizmente, e como já referi, na aterragem fiquei mesmo ao lado de um. Levantei-me, agradeci a sorte que tive e comecei a conferir o equipamento. Para minha aflição, reparei nessa altura que a pistola não estava no coldre e foi aí que tomei consciência de que não tinha colocado o fiador.

A perda de material militar, concretamente armas, é algo muito grave, pelo que comecei a dizer mal da minha vida. No entanto, e vai-se lá saber o porquê, quis o destino que eu olhasse para o "monte" ao lado do qual tinha aterrado e reparei que o mesmo apresentava um estranho e suspeito buraco. Dei por mim a pensar: será? Não pode ser!!!

Enchi-me de "coragem" e lá vai braço para uma busca profunda ao local, conseguindo recuperar a pistola que, "felizmente" ali tinha caído.

Uma estranha sensação de tranquilidade invadiu o meu espírito e dei por mim a agradecer, do fundo do coração, o facto de ter podido enfiar a minha mão no meio de tanto "vestígio biológico" e ter podido recuperar a minha pistola.

Escusado será dizer que a lição foi aprendida e, curiosamente (e vá-se lá saber porquê), nunca mais me esqueci de colocar o fiador na pistola.

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